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Adubação para iniciantes

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Diferentes embalagens de adubos. Imagem: Joice Angelo/Hedera Paisagismo

Quem começou a se preocupar um pouco mais com as plantinhas recentemente e foi procurar ajuda internet afora com certeza se deparou com uma informação importante: é preciso adubar! Mas como, quando e com o quê? Se a escolha do adubo leva em consideração a necessidade de nutrientes que a planta precisa e a quantidade de nutrientes disponíveis no solo, será que você precisa de um tipo de adubo para cada espécie da sua casa? Já pode considerar esse texto como o manual de adubação para iniciantes.

O que é adubação e por que adubar

Assim como os seres humanos e os animais necessitam de alguns nutrientes, minerais e vitaminas para que seu metabolismo funcione, as plantas também possuem alguns nutrientes sem os quais não conseguem completar seus ciclos. Ao todo são 17 nutrientes essenciais para o desenvolvimento das plantas, que são divididos em macronutrientes e micronutrientes.

De maneira bem mais técnica, aprenda sobre macro e micronutrientes essenciais, fertilidade do solo, leis gerais de adubação e técnicas de avaliação de fertilidade do solo nessa aula.

Quando a planta está em seu habitat natural ela faz parte de um ecossistema autossustentável e, devido a milhares de fatores e participantes desse ecossistema, ela recebe naturalmente todos os nutrientes que precisa para se desenvolver. A partir do momento que decidimos cultivar uma planta ela é retirada desse ecossistema mas as suas necessidades nutricionais continuam as mesmas. 

Quando cultivamos nossas plantas nas formas de jardins, hortas, pomares e lavouras (como soja, milho, arroz, feijão, etc.) os nutrientes do solo em que plantamos são consumidos mas não são naturalmente repostos na velocidade que as plantas e o solo precisam. Quando o cultivo é realizado em vasos, a reposição é quase nula! Para que plantas cultivadas se desenvolvam ao máximo é preciso que seja feita a reposição periódica dos nutrientes do solo ou do substrato. Além disso, o solo é um recurso natural não renovável, facilmente degradável se manejado de forma incorreta e deve ter sua fertilidade recuperada e conservada. Por isso, é necessário fazer a reposição com nutrientes de origem externa, através da adubação.

Uma planta bem nutrida é uma planta mais sadia, forte, bonita e com menos chances de sofrer ataques de pragas e doenças. No caso das plantas ornamentais, com a adubação correta as plantas crescem mais, florescem mais e têm cores mais vibrantes. Já quando falamos de cultivos produtivos como hortas, pomares e lavouras, a adubação ainda ajuda explorar ao máximo o potencial dessas plantas aumentando a produtividade e te dando colheitas fartas! E como se não bastasse, a adubação ajuda a promover a conservação do solo evitando a erosão, a compactação e ainda as alterações das características químicas, como a acidificação e salinização do solo.

Adubo orgânico e adubo químico

Pra fazer essa reposição você pode usar adubos orgânicos ou químicos. Adubos orgânicos são os obtidos por meio de matéria de origem vegetal ou animal decompostos ou ainda em estágio de decomposição (ex: esterco, bagaços e restos de vegetais). Isso quer dizer que o termo “adubo orgânico” não diz respeito a ser produzido de acordo com o sistema orgânico que a gente tanta escuta falar quando se trata de alimentos e sim sobre a origem do material usado pra produzir o adubo. Se você está aprendendo a adubar suas plantas a vantagem é que eles são mais seguros quanto à possíveis excessos pois são absorvidos de forma mais lenta. Mas de qualquer forma leia a embalagem antes de usar.

Adubos químicos são os obtidos a partir de extração mineral e/ou por processos industriais. São comercializados já na sua forma “disponível” e por isso são assimilados rapidamente pelas plantas precisando de pouca ou nenhuma transformação no solo para serem absorvidos. Possuem diferentes fórmulas em relação às quantidades de nitrogênio (N), fósforo (P) e potássio (K). Para escolher o melhor para sua planta é importante conhecer sua espécie e suas exigências.

Quem é esse tal de NPK?

Como já dito existem alguns nutrientes essenciais para o desenvolvimento das plantas e eles são divididos em macro e micronutrientes. A sigla NPK se refere aos nutrientes nitrogênio (N), fósforo (P) e potássio (K), todos macronutrientes (macro pois as plantas necessitam deles em maior quantidade quando comparado aos outros nutrientes). 

Mas nem todo adubo NPK é igual, ok? Sua composição é apresentada por uma fórmula de 3 números que corresponde a quantidade de cada nutriente. Um adubo NPK 4-14-8, por exemplo, possui em sua formulação 4% de nitrogênio, 14% de fósforo e 8% de potássio enquanto um adubo NPK 10-10-10 possui em sua formulação 10% de cada um dos nutrientes. E por que saber disso é importante? Porque cada um deles é importante para uma transformação diferente na planta.

O nitrogênio (N) é muito importante para o crescimento e desenvolvimento dos caules e folhas. Quando ele está em maior quantidade na fórmula, é recomendado para estimular a brotação de folhas e ramos. Em geral é ótimo para folhagens e gramados. Geralmente sua falta deixa a folha com a cor verde pálida ou verde amarelada. Já plantas bem nutridas de nitrogênio (N) produzem folhagem abundante com coloração viva. 

O fósforo (P) é muito importante na formação da clorofila e ainda aumenta o crescimento radicular, proporcionando à planta maior capacidade fixar nas suas raízes os elementos férteis contidos na água do solo. Ele age diretamente na qualidade dos frutos e maturação das sementes. É indicado, por exemplo, para estimular a formação de raízes após um transplante e aumentar as floradas, a frutificação e/ou a produção de sementes. A deficiência desse elemento pode ser observada pela coloração arroxeada nas folhas. 

O potássio (K), contribui na formação de tubérculos, rizomas e fortalece os tecidos vegetais. É responsável pela manutenção do pH das células e tecidos, aumenta a resistência à seca e à geada e ainda atua na fotossíntese. Com a falta de potássio (K) as hastes das plantas não conseguem ficar firmes, as raízes não crescem , a floração atrasa e os frutos não crescem. Já as plantas bem nutridas com esse elemento têm raízes forte e são mais resistentes à pragas e doenças. No caso de grãos e tubérculos há aumento no teor de proteína e de amido e nos frutos, aumento no teor de algumas vitaminas, aroma mais forte e cores mais vibrantes.

Borra de café, casca de ovo e outros adubos orgânicos

Existem diversos tipos de adubos orgânicos que podem ser encontrados em lojas na mesma prateleira que um NPK mas saiba que você também pode preparar adubo orgânico na sua casa e isso é muito legal! E lembra dos micronutrientes? Aqueles que são essenciais porém requeridos em pouquíssimas quantidades? Pois bem, seus teores ideais podem ser facilmente atingidos com o uso de adubos orgânicos.

Produzir seu próprio adubo orgânico pode ser bom tanto para o seu bolso como para o ambiente, já que com pouco ou nenhum custo você pode diminuir a quantidade de resíduos destinados ao lixo e  realizar um processo de ciclagem, devolvendo os nutrientes para o solo. Sem falar que pra quem tem poucos vasinhos em casa nem compensa comprar 1 quilo de fertilizante mineral.

A lista de resíduos e produtos de origem orgânica que temos em casa e que podem ser usados para adubação é longa. Citando alguns, saiba que podem ser usados: borra de café, cinzas, ossos queimados ou triturados, esterco curtido de animais, húmus de  minhoca, restos de poda de grama e outras espécies, folhas secas, biofertilizante provindo de composteira, cascas de ovos e outros restos de alimentos, etc e etc.

Nesse vídeo a Nô Figueredo ensina uma receita de adubação orgânica.

Algo que é importante ressaltar é que diferente dos adubos químicos onde sabemos a quantidade exata de cada nutriente na fórmula, as quantidades de cada nutriente nos adubos orgânicos caseiros não são quantificáveis. Mesmo assim, ainda dá pra saber, por exemplo, que casca de ovo triturada é rica em cálcio (C), palhas e cinzas são ricas em nitrogênio (N) e húmus de minhoca é rico em matéria orgânica. Mas observe que você não terá uma adubação equilibrada utilizando apenas um deles, por isso, é preciso revezar os adubos ou até utilizar algum adubo químico vez ou outra.

Se quiser apostar num adubo orgânico mais completo e concentrado, eu sempre sugiro os Bokashi. Ele é uma mistura balanceada de matérias orgânicas de origem vegetal e/ou animal, submetidas a processo de fermentação controlada e que já vem pronto para uso. Existem vários tipos e fórmulas de Bokashi, mas, o mais comum é que ele seja feito a partir de farelos e tortas vegetais, como o farelo de trigo, de arroz e torta de mamona (que é tóxica então cuidado com crianças e animais!), podendo ser enriquecido com farinhas animais (farinha de carne e osso, farinha de peixe) e com alguns minerais naturais (fosfatos naturais, pós de rochas, calcário) em pequenas quantidades. Esse adubo pode ser comprado em quase qualquer loja do tipo floricultura ou garden center ou, com um pouco de paciência, pode ser feito em casa. A parte mais bacana é que ele pode ser utilizado em todas as plantas (que eu conheço).

Se quiser saber mais sobre o Bokashi e como fazer, clique aqui.

Quando adubar

É importante adubar suas plantas regularmente para que elas se mantenham sadias, crescendo e para evitar sintomas de deficiência como manchas e má formação de caules, folhas, flores e frutos. Mas a resposta é: DEPENDE. A cada 3 meses, a cada 2 meses, a cada 15 dias… Cada planta tem seu tempo e você pode descobrir isso observando suas plantas ou pesquisando mais afundo sobre cada espécie. Se ainda está começando, faça em uma única data a adubação de todas as suas plantas e espere uns 2 meses para adubar novamente. Nesse meio tempo, observe como cada uma respondeu a esse processo e comece então a diminuir ou aumentar o tempo entre as adubações. Lembre que nem sempre sintomas como amarelecimento e queima das pontas das folhas são sinônimos de falta de nutrientes. Fique atento pois você pode estar exagerando.

De maneira geral, aqui no hemisfério sul o início da primavera é um ótimo momento para realizar a adubação. O clima mais quente vai favorecer o crescimento vegetativo da grande maioria das espécies e com a ajuda da adubação você vai pode levar esse crescimento a outro patamar. Por outro lado, assim como as regas, a adubação também diminui com a chegada do inverno. 

Mais importante até do que quando adubar, é dizer quando NÃO adubar: não adube nas horas mais quentes do dia em hipótese alguma. Se você ainda tem pouca experiência com plantas, também não utilize adubos químicos durante a floração e nem logo após o transplante a não ser que seja um adubo recomendado especificamente para esses casos. Sempre siga a recomendação do fabricante no caso de adubos formulados e, na dúvida, use menos do que você queria usar.

Se você precisa adubar uma determinada espécie de maneira assertiva, seja ornamental ou produtiva, procure por material de apoio sobre a espécie e suas exigências. O site da Embrapa, por exemplo, é um mundo de informação! Se ainda assim não souber como fazer ou precisar adubar uma grande área, contrate um engenheiro agrônomo (como essa que vos fala) para fazer uma recomendação adequada.

Como e quanto adubar

DE-PEN-DE! Aqui não tem receita de bolo. A única regra absoluta é: não adube demais em hipótese alguma. Além de desperdiçar seu dinheiro, tempo e dedicação, você ainda também pode levar suas plantinhas a óbito. Também por isso, não utilize mais de um adubo por vez. Se hoje vai adubar com Bokashi ou biofertilizante, deixe a casca de ovo ou o NPK para a próxima adubação. Observe que a quantidade de adubo vai variar conforme o adubo, tamanho do vaso ou canteiro e a espécie que será adubada, mas a regra é sempre a mesma. 

Para algumas plantas de grande importância comercial como rosas, samambaias e gramados existem formulações próprias de NPK disponíveis no mercado já com as instruções do fabricante sobre como e quanto adubar. Se for optar por comprar um adubo, recomendo os de pronto uso. Se você não tiver que medir e diluir, vai diminuir as chances de errar por excesso. Para saber se o adubo é pronto uso ou concentrado basta ler as informações do rótulo.

Alguns adubos orgânicos como os Bokashi também podem vir com o mesmo tipo de instrução, então siga-as. No caso de adubos feitos em casa pesquise e pergunte para pessoas que usam o mesmo tipo de matéria prima que você e também cuide com as quantidades. Lembre que mesmo o adubo orgânico, se usado em excesso pode intoxicar a sua planta

Independente da origem do adubo (orgânica ou química) tome cuidado com crianças e animais de estimação. Torta de mamona, por exemplo, é um adubo orgânico usado puro ou na formulação de outros adubos orgânicos e é tóxica. 

Saiba que você não precisa trocar sua planta de vaso para poder realizar a adubação. Sempre que adubar um canteiro ou um vaso com granulados e farelados, tente revolver a cama superior do substrato para incorporar o adubo. Ainda se for um vaso, adube mais próximo das bordas do vaso que das raízes da planta.

Sempre regue um tempo antes e regue beeeeem após a adubação. A água é o veículo que vai carregar o adubo da superfície para dentro do solo/vaso. Também é muito importante sempre aplicar adubos, independente da origem e forma, com o tempo fresco, no início da manhã ou no fim do dia. Nunca realize adubações e regas sob sol forte.

Lucia Borges do canal Vida no Jardim ensina como realizar a adubação em vasos.

Para adubar com resíduos de origem vegetal e animal da sua cozinha certifique-se de incorporar o resíduo ao substrato ou ao solo e de cobrir para não atrair insetos e outros animais (eu sempre falo sobre essa cobertura no Instagram da Hedera. @hedera.paisagismo, segue lá!). Além disso, pesquise antes para saber se você deve diluir esse resíduo em água ou não. Não é porque é orgânico que não pode ser muito concentrado.

Para aplicar borra de café, deixe esfriar e aplique direto no substrato, distribuindo bem em torno da planta, depois misture com a camada de cima do substrato da melhor forma que você conseguir. O mesmo pode ser feito com restos de poda de grama e com cascas de ovos, desde que lavadas e bem trituradas. Já o biofertilizante resultante da sua composteira deve ser diluído e pode ser aplicado nas folhas por pulverização ou junto da água de irrigação. A parte sólida da compostagem também pode ser usada para a adubar novas covas de plantio. 

Se optar por usar esterco de boi, ovelha ou cavalo, não coloque o dejeto direto no substrato do vaso ou do canteiro. O ideal é diluir em água e deixar a mistura exposta ao sol por pelo menos 2 semanas para depois, utilizar a parte líquida. A parte sólida precisa de alguns cuidados a mais para ser utilizada, recomendo que você pesquise bem sobre isso. A pesquisa também serve para esterco de aves, cujo uso não é tão simplificado assim. 

E eu, novamente recomendo que se você precisa adubar uma determinada espécie de maneira assertiva, seja ornamental ou produtiva, ou uma grande área, procure por material de apoio sobre a espécie e suas exigências e/ou contrate um engenheiro agrônomo para fazer uma recomendação adequada.

Em resumo, pesquise sobre as exigências nutricionais das suas plantas, não tenha pressa de ler o rótulo dos adubos nem na hora de comprar e nem na hora de aplicar e faça testes. Mas principalmente, se for pecar, peque pela cautela: não exagere na hora de adubar suas plantas.

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